terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

batistério de limão

A empresa onde eu trabalho fica em uma região de acesso complicado pra quem usa transporte público na Grande São Paulo. Um dia eu estava voltando pra casa depois de ter trabalhado no sábado, o fretado faz bastante falta nessas horas. Usar ônibus intermunicipal é chato e desanimador - demora, não é de boa qualidade, o percurso feito é longo e com muitas voltas desnecessárias, nem paisagem pra olhar tem, etc. Mas é um tempo que dá pra conversar com Deus.

Nesse dia, logo depois de ter agradecido a Deus pelo dia de trabalho e decidir que eu não iria me frustrar com a situação, abri um sorriso e pedi que Ele me usasse de alguma forma no meio do caminho, ou me desse alguma experiência de aprendizado.

Foi o que aconteceu, quando entraram várias pessoas no ônibus e entre elas um homem aparentemente cansado e triste, comum, notavelmente sem dinheiro e carregando algum instrumento de cordas pequeno com ele. Pagou sua passagem contando as moedas e foi até o final do corredor do ônibus, onde eu estava sentado, e sentou-se no banco à minha frente.

Algumas curvas desajeitadas depois, ele tirou o instrumento da capa, era um banjo cavaco, típico do pagode. Começou afinar o instrumento e eu pensei que pararia por ali. Timidamente, ele fez alguns acordes, logo depois tocou uma música inteira e cantarolou, bem baixinho. Depois disso cantou algumas músicas, sem desafinar, tocando e cantando bem, em bom volume. As pessoas, provavelmente voltando do trabalho e cansadas como eu, reagiram positivamente, ele chegou a ser aplaudido e ganhou uns trocados - mesmo sem ter pedido!

Ele, mesmo nessa situação ruim na vida, espalhou o que tinha de melhor. Quantos cristãos na mesma situação "ruim" ficariam em casa murmurando contra Deus? Quantos cristãos tem algo melhor pra oferecer, mas preferem ignorar os cansados ao redor? Quantos cristãos em situações confortáveis não abrem um sorriso? Quantos cristãos pedem ajuda enquanto deveriam ajudar? Na hora me lembrei de uma pregação do Pastor Fritz em que ele disse: "parece que fomos batizados com limão". Crentes azedos, chatos, reclamões. Não precisamos esperar tudo se acertar - não vai acontecer - pra depois viver o Amor, vamos começar agora.

Desci do ônibus e terminei o caminho até minha casa sorrindo. Na mesma noite tive uma oportunidade de mostrar o Amor, de ajudar, e fiz, e foi recompensador.

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